Devolvam a minha igreja

Ariovaldo Ramos

A igreja que eu conheci, e na qual fui criado, era plural, era diversa. Nela, havia espaço para todos. O rico e o pobre, o doutor e o analfabeto, o branco e o negro, o crente de berço e o recém-convertido. A igreja era o lugar onde as diferenças se encontravam e se harmonizavam em Cristo.

A igreja que eu conheci não era um gueto, não era um clube social. Ela estava no mundo, mas não era do mundo. Ela era a luz do mundo, o sal da terra. Ela era a voz profética que denunciava a injustiça e anunciava a esperança.

A igreja que eu conheci não era uma empresa, não era um negócio. Ela era o corpo de Cristo, a família de Deus. Ela não vivia para arrecadar dinheiro, mas para servir ao próximo.

A igreja que eu conheci não era uma máquina de fazer crentes, mas um celeiro de discípulos. Ela não se preocupava em encher os templos, mas em encher o mundo com o amor de Deus.

A igreja que eu conheci não era uma força política, mas uma força espiritual. Ela não buscava o poder, mas a santidade. Ela não se aliava aos poderosos, mas se identificava com os fracos.

A igreja que eu conheci não era uma vitrine, mas um hospital. Ela não escondia as feridas, mas as curava. Ela não julgava os pecadores, mas os acolhia.

A igreja que eu conheci não era uma ilha, mas uma ponte. Ela não se isolava do mundo, mas se conectava com ele para levar a mensagem da salvação.

A igreja que eu conheci era a minha casa, o meu refúgio, o meu porto seguro. Era o lugar onde eu encontrava Deus e os meus irmãos.

Mas, o que vejo hoje é diferente. A igreja que vejo hoje está dividida, fragmentada, polarizada. Ela se tornou um campo de batalha, onde as diferenças se transformaram em inimizades.

A igreja que vejo hoje se tornou um gueto, um clube social. Ela se isolou do mundo, perdeu a sua relevância, silenciou a sua voz profética.

A igreja que vejo hoje se tornou uma empresa, um negócio. Ela vive para arrecadar dinheiro, para construir impérios, para enriquecer seus líderes.

A igreja que vejo hoje se tornou uma máquina de fazer crentes, mas não de fazer discípulos. Ela se preocupa em encher os templos, mas esvaziar o mundo de sentido.

A igreja que vejo hoje se tornou uma força política, que busca o poder, que se alia aos poderosos, que julga e condena os fracos.

A igreja que vejo hoje se tornou uma vitrine, que esconde as feridas, que exibe os sucessos, que vende uma imagem de perfeição que não existe.

A igreja que eu conheci era a minha igreja. Devolvam a minha igreja! A igreja de Cristo, a igreja do Evangelho, a igreja da Missão Integral.

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