A Bíblia da Mulher

Ariovaldo Ramos

Frente ao lamentável quadro da violência contra a mulher — também entre os evangélicos –, torna-se necessário revisitar e resgatar algumas leituras da Bíblia.

**O homem à imagem e semelhança de Deus é um casal**
“Este é o livro da genealogia de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados” (Gn 5.1-2).

Duas pessoas, um só nome. Deus é uma família; ao criar à sua imagem e semelhança, criou outra família. Assim, o homem à imagem e semelhança de Deus é um homem coletivo. É uma só criação, já que Deus manipulou o barro e soprou apenas uma vez. (Gn 2.7). Na proposta divina, a humanidade seria uma família que se amaria a ponto de viver como se fosse uma só pessoa. Individualmente, cada um é imagem e semelhança de Deus ao nascer numa família e para uma família, o que deveria se estender a toda a humanidade, já que somos uma só família. Não deu certo. Jesus retomou essa possibilidade ao gerar a Igreja. Toda igreja local tem como missão viver a unidade familiar que é a imagem e semelhança de Deus. O primeiro casal era a imagem e semelhança de Deus e o homem não manifestaria plenamente a Trindade sem a mulher e vice-versa.

**A inimizade do adversário é para com a mulher**
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente” (Gn 3.15).

A briga do inimigo, desde sempre, é com a mulher. O ser masculino entra na luta por ser descendência dela. Possivelmente, isso explica muito da luta da mulher, que parece ter sido a mais prejudicada na queda. É plausível pensar que o papel masculino seria, a exemplo do grande descendente, guardar a mulher da maldade da serpente (José, pai adotivo de Jesus, conseguiu!). Porém, de alguma forma cooptado pela serpente, o ser masculino se tornou o algoz da mulher e usurpou a humanidade, tratando-a como se fosse um ser humano de segunda classe.

**Deus reinventou a maternidade e fez um pacto com a mulher**
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).

Antes da queda, a maternidade era a forma como nos multiplicaríamos (Gn 1.28).

Após ela, a maternidade se tornou a única esperança da humanidade, que passou a esperar pelo dia em que a mulher geraria o descendente que esmagaria a cabeça do inimigo e libertaria a raça humana — o que aconteceu em Maria. Deus fez uma aliança com a mulher: de seu ventre, por obra de Deus, sairia o salvador do mundo. E, agora, após a vinda do Jesus de Nazaré, a maternidade é a prova de que o descendente venceu. Deus fez um pacto com a humanidade por meio da mulher.

**O homem e a mulher em Cristo**
“Nisto não há judeu nem grego; não há escravo nem liberto; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).

A Igreja é o lugar onde a mulher recupera o seu lugar de co-herdeira com Cristo. A Igreja é o lugar onde o homem e a mulher se tornam um em Cristo. A Igreja é o lugar onde a mulher e o homem recuperam a plenitude da imagem e semelhança de Deus. A Igreja é o lugar onde a mulher e o homem são iguais, sem perderem a sua identidade.

**A Bíblia da Mulher**
A Bíblia da Mulher é um instrumento que pode ajudar a mulher a se encontrar em Cristo, a recuperar a sua dignidade e a sua identidade. A Bíblia da Mulher é um instrumento que pode ajudar a mulher a se libertar da violência e da opressão. A Bíblia da Mulher é um instrumento que pode ajudar a mulher a se tornar a imagem e semelhança de Deus em sua plenitude.

A Bíblia da Mulher é um instrumento de Deus para a mulher.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima